Desastroso. É
o que define a passagem do Arte Music
Festival em Recife no último domingo (1). O evento que levou a artista
norte americana Jennifer Lopez e a
baiana Ivete Sangalo à capital
pernambucana, num dia de tempestade, desapontou o público que passou horas na
chuva. Levando ao pé da letra, o dito popular de que quem está na chuva é para
se molhar, JLO se entregou ao público como uma tentativa de se redimir. Já a
diva baiana não se deu a esse trabalho.
O festival,
inicialmente marcado para iniciar às 17h no Centro de Convenções, só abriu os
portões para a entrada do público por volta das 18h. Vale salientar que as
pessoas esperavam debaixo de chuva e sem ao menos um banheiro no
estacionamento. Quando os portões se abriram, começou o tumulto com os
“espertinhos” furando fila e criando novas filas sem nenhuma fiscalização por parte
da organização do espetáculo.
Após esperar
horas para entrar na área onde foram realizados os shows, as milhares de
pessoas que estavam presentes tiveram de esperar mais duas horas e meia para a
entrada da ídola baiana Ivete Sangalo. Enquanto esperava, parte do público
vaiou a equipe como forma de protesto. Contrariado com a reação do público, um
membro da equipe de Ivete fez um gesto obsceno com uma das mãos para milhares
de pessoas que esperavam ansiosos debaixo de chuva pelo início do show.
Depois de um
despreocupado teste de iluminação, a banda resolve aparecer pouco a pouco até a
cantora entrar no palco sem ao menos um pedido de desculpa ou explicação sobre
o atraso. Aliás, a cantora fez questão de fazer parecer que assistir show
debaixo de chuva é ainda melhor, com frases do tipo “Cantar para vocês assim
molhadinhos é mais gostoso”. Durante o concerto, Ivete achou que estava em mais
uma micareta e pedia para o publico de movimentasse repetidamente da direita
para a esquerda.
Dizer que o
show dela não empolgou aos seus fãs seria injusto. Pelo menos nos primeiros
trinta minutos de apresentação, grande parte do público pulou, pisoteou os que
não pularam e gritou em alto e bom som que ela é a melhor cantora do Brasil. Quanto
à chuva, ela não arriscou se molhar. Nos breves momentos de estiagem a cantora
se aventurava na passarela molhada, mas nem pensar na possibilidade de molhar
seus cabelos enquanto cantava hinos do carnaval baiano como Arerê, Festa, Sorte Grande e Aceleraê.
No relacionado
à sua performance como artista, ela fez mais do mesmo explorando seus graves e
deixando os agudos em segundo plano, assim como as coreografias que não chegam
a prender a atenção do público. Após uma hora e vinte minutos de show, ela se
despediu do público pernambucano deixando o espaço para a americana JLO.
Em uma hora de
intervalo, a equipe montou todo o palco, mais elaborado que o da atração
anterior. Por volta das 23h15, Jennifer Lopez de repente apareceu interpretando
o sucesso Get right, com a chuva
cada vez mais forte. Duramente criticada pela imprensa durante toda sua turnê
no Brasil (ela também se apresentou em São Paulo, Rio de Janeiro e Fortaleza)
pelo uso de playback de alguns
números, ela provou que também sabe cantar ao vivo em músicas como If you had my love e Que hiciste.
O início do
show não levantou as pessoas que estavam presentes no festival, mas aos poucos
a estrela foi conquistando o público e se viu na obrigação de compensar o dia
desastroso que todos haviam enfrentado, se jogando também debaixo da tempestade
que caía em Recife. Ela dançou grande parte de suas coreografias na passarela
molhada sem vacilar ou demonstrar cansaço em números como On the floor e Dance again,
que fechou a noite.
Mas como nem
tudo é perfeito, a cantora tirou de seu público aproximadamente trinta minutos
do espetáculo, que de uma hora e quarenta minutos, passou para apenas uma hora
e dez. Das vinte músicas previstas, ela apresentou apenas treze e dos sete
figurinos, usou apenas quatro.
Enfim, um
evento desorganizado e abaixo das expectativas, porém surpreendente em alguns
pontos: a cantora do estilo “povão”, de quem se esperava mais calor, não se
incomodou em deixar seus fãs esperando, já a outra, que tem status de estrela
internacional demonstrou uma atitude mais humilde se juntando ao público em
meio à tempestade. Porém, no final das contas quem merece os aplausos são os
fãs que não arredaram o pé enquanto não assistiram aos shows de suas divas.